quarta-feira, 30 de novembro de 2011

“Só os empenhos de Nossa Senhora do Socorro (R$ 3 milhões) dava para construir três mil casas”, deputado estadual Augusto Bezerra (Correio de Sergipe – 30/11/2011)

A nova bandeira oposicionista está desfraldada: querem caçar as ONGs. Papel primordial da oposição, conferir os gastos públicos é mesmo uma obrigação. Mas é preciso atentar para não cair na generalização. Se o deputado grita que está errado o repasse, que prove. Do contrário, nesse caso específico, as pessoas que foram beneficiadas nos convênios firmados com Secretaria do Trabalho poderiam a ser consideradas criminosas também, já que foram beneficiadas com as verbas, o que é um absurdo!
Mas Augusto Bezerra extrapola também em outros quesitos. Começa com a matemática. Vamos lá: R$ 3 milhões fariam 3000 casas? Uma casa custa R$ 1000? Onde, quando e como, deputado? Se é possível essa conta estar certa, o senhor Bezerra é um gênio das finanças e está na profissão errada, devendo seriamente pensar em virar construtor. Agora, já repararam que, roda e vira, os problemas do mundo, para o deputado, encontram-se em Socorro? Isso acontece porque ele se declarou pré-candidato a prefeito da cidade. E aí, na falta de projetos próprios, sobra verborragia para detonar o que está sendo feito por lá, sem o mínimo senso crítico e sem apresentar alternativa que não seja a raiva. Aí, amigo, fica difícil fechar essa conta...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

“Para nós, a pior solução para o aterro é a mais distante”, Lucimara Passos, presidente da Emsurb (Sergipe Notícias – André Barros – TV Atalaia – 29/11/2011)

Ainda que a polêmica infinita sobre o aterro sanitário de Aracaju seja coisa mais do que séria, alguns lances desse assunto parecem pura ficção. Caso de uma decisão judicial que dá prazo de dez dias para uma solução – que já caiu, pelo bem da sanidade geral – ou do empurra-empurra sobre quem fica ou não com o ‘presente de grego’. E eis que a presidente da Empresa de Serviços Urbanos da capital sergipana sai-se com mais uma para o anedotário geral do tema.
Um aterro mais próximo da cidade é melhor para nós? Nós quem? O fato da distância aumentar os custos é relevante. Mas, assim como o Santa Maria era quase inabitado no início do ‘embarque’ do lixo aracajuano para aquelas plagas, o bairro Palestina, em Socorro, cotado para receber o novo aterro, com o passar dos anos, o abarcará também, transformando o problema em mais do mesmo. Levar o lixo para um aterro em Rosário do Catete pode não ser econômico, mas é garantia de que se resolve a questão por muitas décadas. Quem sabe até lá essa verdadeira ‘torre de Babel’ em que se transformou a discussão sobre o lixo da Grande Aracaju encontre um denominador comum: o interesse dessa e de futuras gerações sendo colocado em primeiro lugar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"Quero lembrar que a possível homoafetividade de Lampião não é o tema central do livro", Pedro de Morais , autor do livro ‘Lampião – o Mata Sete’ (UOL –www.uol.com.br– 25/11/2011)

Toda e qualquer censura depõe contra uma sociedade pretensamente civilizada. Por esse prisma, a liminar concedida para o ‘tal’ livro não ser lançado é uma excrecência. Mas também não há condições de convivência minimamente organizada se qualquer um puder lançar qualquer tipo de acusação e/ou difamação sem provas de fato. Aí, então, o caldo entorna para a publicação e a família de Virgulino Ferreira, o Lampião, está correta em seu embate. Por isso não vou me ater ao imbróglio jurídico.

Agora, o autor falar que o tema central do livro não é a suposta homossexualidade de um dos personagens mais simbólicos do Nordeste, parece até piada. Não li e nem vou ler, pelo jeito. Mas acusar alguém que já morreu – e que vivo era só coragem, ainda que em atividades, parafraseando o juiz aposentado, possivelmente questionáveis – de ser gay e corno, isso é, sim, o tema central da obra. Posso não concordar com a opinião do escritor, mas vou respeitá-la sempre. Só não posso acreditar que todo esse holofote midiático não era previsível e até desejado quando ele iniciou a pesquisa sobre a vida íntima do cangaceiro. E se Pedro de Morais dissimula publicamente suas reais intenções com a publicação, o que nos obrigaria a dar algum crédito à suposta ‘descoberta’ dele?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

“Conheço as regras do partido. A escolha do candidato não será feita na Assembleia”, vice-prefeito e presidente estadual do PT, Silvio Santos (Jornal da Ilha – Gilmar Carvalho – 23/11/2011)

Pode-se gostar ou não do Partido dos Trabalhadores (PT). Mas algo na agremiação é inegável: a capacidade de organização e de exercer o debate democrático internamente. Essa postura advém da forma como ele foi fundado, à partir de lutas e mobilizações sindicais que, na essência, são fóruns clássicos do diálogo e da decisão por maioria. Mas a escolha do candidato petista à prefeitura de Aracaju/SE em 2012 parece jogar por terra essa positiva tradição.

São três pré-candidatos: o próprio Silvio Santos, a deputada estadual Ana Lúcia e o deputado federal Rogério Carvalho. Mas quando cânones petistas, como líderes do partido e do governo na Assembleia, além do presidente da Câmara, abrem suas escolhas, no caso optando por Rogério, a sensação é de que arma-se uma ‘pressão pública’ em cima dos filiados. Algo do tipo: ‘esse é o mais forte porque conta com o apoio dos mais fortes’. Sinceramente: isso não combina com a história petista. E mesmo que o ‘já escolhido’ - por alguns - acabe vitorioso nas prévias, essa mudança pode gerar outra: os preteridos não se comprometerem com o embate nas urnas. Quebrar tradições é correr riscos...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

“Não tem mais feriado, dia santo, nada, justamente para atender o eleitor”, diretor de informática do Tribunal Regional Eleitoral-SE, José Peixoto (Correio de Sergipe – 22/11/2011)

É válida a preocupação do diretor de informática do TRE/SE em garantir por todos os dias, até 16 de dezembro, o recadastramento biométrico em Sergipe. Afinal, somos uma espécie de cobaia para que esse tipo de modernidade eleitoral seja testado e aprovado. Não podemos fazer feio, como pouco mais de 60% do eleitorado até aqui recadastrado parece indicar. Confesso que ainda não fiz a minha parte. Mas a farei num dos próximos finais de semana. Faltou-me tempo.
Já para a maioria parece estar faltando motivação. O problema é que há uma incansável campanha midiática para desmerecer a atividade política. E, infelizmente, alguns da classe esmeram-se em dar sentido a esse massacre público com suas atitudes, que se assemelham ao que eles fazem na privada, com o perdão do trocadilho pobre. Quer ver todo mundo que falta sair correndo para se recadastrar? Troquem o polegar, que indica coisa legal, boa, e ofereçam ao eleitor a chance de, dedo médio em riste, apontar para aqueles políticos que realmente merecem toda a sua indignação. Seria um sucesso!

“Nem o vereador Nitinho, nem o repórter e nem ninguém tem a obrigação de fazer o teste do bafômetro”, vereador Nitinho (Bom Dia Sergipe – TV Sergipe – 22/11/2011)

Lugar comum a dar com pau, a afirmação do vereador aracajuano vem sendo amplamente divulgada desde que a Lei Seca foi instituída, por conta de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si. Ok, Nitinho, seu direito é igual ao de todos, assim como seu comportamento assumindo as consequências de seus atos é louvável, pois o erro cometido advém de uma falha humana e não se discute, se pune – multa por falta de documentos e tal.

Agora, já imaginou a chance que o vereador perdeu ao não soprar o bafômetro? Se ele sopra, daria o exemplo. Perderia a CNH por um ano, teria que fazer cursos de reciclagem, pagaria o mico de ser pego dirigindo com teor alcoólico acima do permitido, enfim, seria um calvário que, por ele ser pessoa pública, renderia quase um reality show. E isso, em ano pré-eleitoral, seria novidade, fugiria do lugar comum e permitiria ao legislador assumir uma bandeira que, na prática, ninguém empunha na real: beber e dirigir não combina pra ninguém e em nenhuma situação. E não apenas nas campanhas pseudo-educativas que, de tão pueris e comuns, não resultam em nada mesmo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“Com o aumento anunciado pelo governador, o pequeno empresário pode voltar a crescer sem precisar de artifícios e sem recorrer à sonegação”, Alexandre Porto, presidente da Acese (Jornal do Dia – 20 e 21/11/2011)

Alexandre Porto é muito zeloso e atuante em suas funções na Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese). E seu empenho encontra eco nas hostes governamentais, vide o fato do secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedetec), Zeca da Silva, ter reativado um conselho voltado para o segmento comercial e, fruto de intensas discussões, o próprio governo ter concedido, dentre outros incentivos, o aumento do subteto do Simples, que saltou de R$ 1,2 para R$ 1,8 milhão.

Mas a constatação do presidente de que esse aumento permitiria que o pequeno empresário cresça sem usar artifícios como a criação de empresas ‘irmãs’ para ‘desviar’ o faturamento, ou mesmo de vir a sonegar, é que assusta. Quer dizer que, para não arcar com o aumento da carga tributária ao extrapolar o tal subteto no faturamento anual, o pequeno empresário vai para o vale tudo, incluso aí cometer crime de sonegação? Por essas e outras é que chega a ser engraçado ver o cidadão médio reclamando da impunidade na frente do telejornal. Só que, atrás da mesa de seu negócio, com as exceções de praxe, vale-se dela para não perder dinheiro.

domingo, 20 de novembro de 2011

“No início do campeonato chegamos ao quarto lugar. Nosso planejamento foi sempre feito visando deixar nossa equipe entre as dez melhores do Brasileirão”, presidente do Figueirense, Nestor Lodetti (Rádio CBN – 20/11/2011)

Seria sacanagem de minha parte duvidar do que diz o presidente do Figueira, time catarinense que vem sendo a sensação do Brasileirão 2011. Até porque qual é o time que entra em um campeonato de porte e que não almeja, no mínimo, uma boa classificação? Se não almejar, melhor não participar. Mas, quando o assunto é futebol, nem sempre os cartolas são craques nas palavras.

Dizer que ‘já sabia’ cheira a arrogância e prepotência. Ainda mais em um campeonato que, numericamente inclusive, está nivelado por baixo. Prova: o Corinthians, vice-líder com 64 pontos, mas que ainda tem três jogos a realizar, no máximo chega a 73. Qual time foi campeão nos pontos corridos e terminou com tão baixa pontuação? Portanto o Figueirense, ou seu dirigente máximo, deveria manter a humildade, pois se não conseguir a vaga na Libertadores 2012, aí terá de recorrer ao surrado: ‘já sabia, nosso time é modesto, elenco barato, blá,blá, blá’.

sábado, 19 de novembro de 2011

"É um reconhecimento necessário tendo em vista o esforço e dedicação de todos os presentes nesta Galeria", presidente do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, Isabel Nabuco (Blog Primeira Mão –www.primeiramao.blog.br– 17/11/2011)

Quando a presidente do TCE/SE proferiu estas palavras, na inauguração da galeria que expõe os 16 que já comandaram aquela casa, duas indagações me saltaram aos olhos: 1 – vocês sabiam que já existia uma galeria no TCE/SE? Sim, o tribunal já homenageava seus 15 ex-presidentes. Mas, vejam que graça, faltava justamente a foto da atual mandatária. Fez-se, então, uma inauguração, afinal uma fotografia a mais na parede é fato de extremada relevância, se é que vocês me entendem. 

E 2: como será que a sociedade sergipana – e de resto, a brasileira, já que os TCEs existem em todos os estados, somando-se a seus similares em alguns grandes municípios do país – encara o fato de que o dinheiro, oriundo dos impostos, é aplicado em um tribunal que não tem autonomia para condenar os que fazem mau uso dos recursos público? Sim, porque esses tribunais são auxiliares do poder Legislativo. Julgam contas, mas não condenam. Será mesmo que dá para ficar bem na foto?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Ele era um apaixonado pelo que fazia. Era radialista 24 horas. Era um poeta", radialista Otacílio Leite sobre o saudoso Carlos Rodrigues (Jornal da Cidade - 17/11/2011)

Conheci Rodrigues - sempre o chamei assim - na Rádio Jornal. Trabalhamos por lá, eu na produção e ele na locução. Como eu produzia um programa matinal, muitas vezes ficava na emissora até a noite, deixando pronta a edição seguinte. E Rodrigues era o 'Rei da Madrugada'. Nessas horas, nos encontrávamos. Ele com seu cigarro mentolado, desenhando sinais de fumaça, e suas ideias de mundo, sinalizando esperança. E eu, todo ouvidos.

Depois de alguns anos, tive o prazer de levá-lo, mais uma vez, à Liberdade AM, ou 930AM. E me divertia em debater temas espinhosos com Rodrigues no ar. Discordamos muito, fechamos acordo em assuntos diversos e nunca, mas nunca mesmo, deixamos de ampliar o leque de opiniões sobre quaisquer assuntos. Por isso que a frase de Otacílio Leite tem um simbolismo gigante. E a morte de Rodrigues é tão dolorosa. É que agora a sua voz e suas opiniões serão audíveis apenas no céu. Mas tudo certo: Deus também precisa de poesia para suportar tanta coisa que acontece aqui na terra. Descanse em paz, Rodrigues.