sexta-feira, 26 de agosto de 2011

“É possível exterminar o lixo urbano e, ainda, gerar energia”, empresário Railton Lima, portal Lagartense (26/08/2011)

Se é simples assim, porquê todos não fazem com o lixo o que Raillton faz e propõe? O empresário, do Núcleo Tecno-Ambiental, tem a solução mais lógica, cabível e moderna quando o assunto é gestão de resíduos. Só que ela não é, digamos, assimilável para a maioria das pessoas.

Recolher de rua em rua o que se descarta num determinado período já é feito. Transportar esses dejetos, também. Mas encontrar o destino correto, com o menor impacto ambiental, para as toneladas de porcarias que ‘produzimos’ é o que importa – ou, ao menos, é o que deveria importar.

Enquanto a população não se der conta de que essa tríade – recolhimento, transporte e destinação – do lixo têm no seu último estágio (destinação, sendo repetitivo e absolutamente claro) o ponto nevrálgico, decisivo, seguiremos sonhando que nosso planeta nos suportará. Por quanto tempo? Aí, gente boa, nem o mais fantástico dos oráculos será capaz de responder.

“Por uma imposição dos democratas, o PSDB se tornou uma sublegenda do DEM”, presidente da Funcaju, Waldoilson Leite, no portal Infonet (25/08/2011)

Com o PSDB virando oposição ao prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, a declaração de Waldoilson Leite poderia soar como a velha história: ‘farinha pouca, meu pirão primeiro’, pois ele ocupa importante cargo na administração municipal.

Poderia, mas não é o que acontece. Como mostram as pesquisas para 2012, João Alves, cacique máximo do DEM, tem chances na disputa pela prefeitura aracajuana. Isso seria motivo suficiente para Waldoilson e integrantes do PSDB aceitarem calados a decisão partidária. Viveriam um breve hiato de cargos até, mas poderiam recupera-los logo ali, em 2013.

O problema real é que não há o menor clima para essa ‘fusão’ demo-tucana. As estocadas são desferidas de uns contra os outros há muito, mas bota muito nisso, tempo. E delas resultaram feridas que não cicatrizam. Por mais que os dirigentes dos dois partidos façam festa pelo ‘casamento’ forçado, a ressaca incomodará os filiados. Daí para um pedido de ‘divórcio’, acreditem, é um tapa.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

“Infelizmente, esse dia chegou”, Steve Jobs, fundador e ex-presidente da Apple, em comunicado à empresa distribuído para todas as mídias do planeta (24/08/2011)

Quando uma lenda viva, responsável por artefatos mágicos, revolucionários e determinantes como os Macs, os iPods, os iPhones e os iPads aceita resignado seus próprios limites, como fez Steve Jobs ao deixar o comando da Apple, alegando não estar mais a altura dos desafios que o mercado apresenta – e ainda assumindo que o impedimento decorre de sua frágil saúde –, é bom que fiquemos atentos nele e em nós mesmos.

As sacadas de Jobs remetem aos primórdios dos computadores pessoais, no começo dos 80’s, com o tal do Macintosh. Mas a Microsoft, do danado do Bill Gates, inibiu a expansão de um hardware mais eficaz ao oferecer softwares mais simples e acessíveis em máquinas infinitamente inferiores.

Mas eis que Jobs, depois de efetivar o conceito do ‘computador’ que segue seu dono, indo e vindo para onde quer que seja, deixa o comando da empresa que o tornou rico, além dos nos tornar mais ávidos por tecnologia de ponta. Então, aqui vai a minha indagação: você conhece alguém, ou ao menos já ouviu falar de alguma pessoa que, no auge do sucesso – e, nesse caso, um sucesso de proporções planetárias –, abriu-se sinceramente, admitiu que estava doente e abdicou do comando de um verdadeiro império? Melhor ainda: você teria coragem de fazer isso?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

“Não se defendem os interesses do povo, mas sim os interesses pessoais", vereador Emanuel Messias, no Universo Político (24/08/2011)

O vereador Emanuel Messias, que ocupa a vaga do vereador licenciado Fábio Mitidieri, demonstra insatisfação com as ‘práticas’ da vida política. De toda sorte ele limita-se a repetir o senso comum. E não há nada mais simplório do que se apegar nesse senso quando o assunto é política.

Mas ao ‘chutar o pau da barraca’ na Câmara de Aracaju, Emanuel não explicita uma coisa essencial: durante as eleições, quando é cada um por si, ele já não havia percebido que o mundo político é assim mesmo? Nem tudo é de bate pronto, acordos precisam ser feitos para se conquistar avanços mínimos, os debates são cansativos e a sensação de que as coisas não andam se abate sobre os envolvidos. Mas isso é característica da política desde o período eleitoral até o mandato em si. Não há – ou não deveria haver – surpresas.

Quanto a abandonar a política, já que ele disse que não mais vai se candidatar, nada a discutir, isso é de cunho pessoal. Mas se o vereador anda mesmo tão cansado da política e de seus pares, tenho uma sugestão que pode abreviar o sofrimento do parlamentar: renuncie. Garanto que essa decisão seria aprovada de forma rápida, sem necessidade de tantas reuniões, debates em torno de interesses variados e definição de acordos para se possa, finalmente, votar.

“O Nordeste cresce muito e segue pobre, pois o crescimento concentra-se nas capitais, no litoral. O interior ainda tem muitas áreas vagas”, Rosalvo Ferreira, prof. de economia da UFS, no Bom Dia Sergipe – Rede Globo (24/082011)

A colocação de Rosalvo Ferreira está perfeita, porque apesar do crescimento a taxas chinesas, ainda há muita desigualdade no Nordeste. Aliás, essa diferença entre ricos e pobres é histórica na região, o que indica que a economia tem ainda que evoluir por muitos anos seguidos para que se corrija esse desnível.

Mas há um exemplo que pode ser impactante quando se analisa esse processo: Sergipe. Sim, o menor Estado do país, além de comprovar a tese do professor, demonstra a viabilidade de se equacionar crescimento econômico e evolução do padrão de vida da população como um todo. Já há um bom tempo que o número de empregos no interior sergipano cresce, com a instalação de dezenas de indústrias nos últimos anos.

Resultado: a economia do pequeno Sergipe cresce a taxas ainda maiores do que a nordestina. Interiorizar o crescimento é um conceito simples, como dois mais dois. Mas, infelizmente, é algo ainda não aplicado na maior parte do restante da região.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

“Já ficou provado que mudar de treinador toda hora não adianta nada”, ex-jogador e treinador de futebol Zico, no Globoesporte.com (23/08/2011)

Zico, como se sabe, é uma lenda do futebol brasileiro. E olha que o cara é uma unanimidade não apenas entre os torcedores do Flamengo, clube que o revelou e onde ele teve alguns dos melhores momentos de sua carreira. Agora, não aceitar a realidade dos técnicos de futebol no Brasil parece escapismo da parte dele.

Clubes de futebol no país, mesmo com as mazelas conhecidas, em especial advindas de gestões tronchas por natureza, lidam com a paixão. E a paixão, meus caros, como se sabe também, não está apta a lidar com longas esperas. Ela arde e queima tudo ao seu redor se não for consumada imediatamente.

Por isso que o técnico de futebol, no Brasil, estando desempregado, pode trocar de profissão e ganhar a vida andando na corda bamba, pois isso faz parte do ofício. Tem que ganhar. Se não ganhar, tchau! E Zico, mesmo com toda sua majestade, dizer que não treina clubes no Brasil por conta da instabilidade dos técnicos é chover no molhado. Aí só indo mesmo treinar a seleção do Iraque. Como se sabe, chuva no deserto é uma raridade...

“Só falta eu colocar uma 45 no ‘meus quartos’, pegar uma viatura e sair em busca de bandido”, governador de Sergipe, Marcelo Déda, em entrevista à Cláudio Salviano – Rádio Ouro Negro FM, via FaxAju (22/08/2011)

Governar é cobrar e ser cobrado. Não há como fugir dessa ‘regra de ouro’, digamos assim, quando se administra. E a resposta dada pelo governador Marcelo Déda diante das cobranças feitas sobre a segurança pública em Sergipe mostram que ele está disposto a levar ao pé da letra essa regrinha.

Em que pese o fato da polícia sergipana, tanto civil como militar, ter alcançado avanços significativos em termos salariais, os crimes avolumam-se e, não poderia ser diferente, deixam a população perplexa. Qual seriam, claramente, as razões dessa aparente inércia no combate aos malfeitores?

A resposta é complexa e cheia de nuances, mesmo porque aí sempre haverá um embate antagônico – governo x polícias. Mas uma coisa é certa: com uma fala dessas, Déda, ainda que não coloque uma 45 ‘nos quartos’, deve ‘cair pra dentro’ nessa disputa. E virá ‘chumbo grosso’ em forma de cobranças à Secretaria de Segurança Pública. Mesmo porque não é admissível que daí, justamente numa área tão essencial, parta ‘fogo amigo’ à atual gestão estadual.

“Almeida não junta, não agrega. Por isso não acredito que tenha condição de ser candidato a prefeitura”, ex-vereador Marcélio Bonfim na coluna Periscópio – Jornal da Cidade (23/08/2011)

Marcélio Bonfim tem história, no sentido pleno, bíblico mesmo do que representa conjugar o verbo ter numa situação dessas. Combatente incansável da ditadura militar e ex-vereador da capital, não lhe caem bem as benesses do poder. A ponto de ter negado aposentaria pela câmara aracajuana e não aceitar pagamento de uma indenização do governo federal pelas perseguições que sofreu no regime de exceção.

Portanto uma declaração dessas, vindo de onde vem, tem uma força inegável. Até mesmo porque Marcélio foi um dos principais coordenadores da campanha de Almeida Lima, atualmente deputado federal, à prefeitura de Aracaju em 2008.

Com tanta proximidade assim, ainda que esteja afastado (ou afastando-se) politicamente de Almeida, Marcélio joga uma pá de cal sobre a candidatura. E, conhecendo-se a vaidade almedista, estaria também batendo o último prego no caixão de uma amizade de longa data?

“Só irei participar de qualquer debate sobre a construção do aterro depois do licenciamento ambiental da Adema”, prefeito de Socorro, Fábio Henrique, na coluna Plenário, de Diógenes Brayner – Correio de Sergipe (23/08/2011)


Pode-se dizer tudo sobre a construção (ou não) do aterro sanitário da Grande Aracaju, menos que ele é um assunto que vai ser varrido para debaixo do tapete. Enquanto o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, brada aos quatro ventos que o aterro é a solução, vozes dissonantes de peso armam barricada.

É o caso do prefeito de Socorro, Fábio Henrique. E ele não está dando uma de ‘joão sem braço’ nesse tema. A questão é que Socorro, por questões geográficas, é a cidade da grande Aracaju com mais possibilidade de receber o tal aterro, tem mais terra e espaço para isso.

Então seria mesmo uma temeridade para a cidade e, principalmente, para os socorrenses, que a administração municipal aceitasse calada, conformada até, o lixo de, em breve, um milhão de pessoas. E a queda de braço de agora pode – e mesmo deve – garantir à Socorro alguma vantagem se ela vier a se tornar fiel depositária de tão indigesto presente – de grego, diga-se!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"O presidente não é chefe de um poder? Aonde ele vai, ele não tem direito a transporte, segurança pública? Eu também sou chefe", José Sarney, presidente do Senado, no UOL (22/08/2011)

E a polêmica da vez é o Sarney ter usado o helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para ir a sua ilha particular – o que, me perdoem os muito endinheirados, soa ridículo per si, pois ter uma ilha é quase como ser ‘dono’ de um país, guardadas as devidas proporções.

Mas o que me chama a atenção mesmo na fala do bigodudo presidente é o “eu também sou chefe.” Ao justificar o mau uso de um bem público se comparando a outros, estaria Sarney afirmando que aqueles também agiriam de forma semelhante?

Ou seria uma ameaça velada o que estaria Além do Declarado? Afinal, soa ou não soa como sendo um recado à própria presidente Dilma Roussef, dizendo ‘se ela pode, porque não eu?’.

Que Sarney é ousado, todos sabem. Que Dilma não leva desaforo pra casa, é o que nos parece até aqui. Será que ela vai deixar barato a provocação sarneysista?

“É uma coisa muito confusa. Ainda não temos certeza se efetivamente há envolvimento de policiais militares no episódio”, coronel Brás, da Comunicação da PM/SE, na Infonet (22/08/2011)


Depois de denunciarem o espancamento sofrido em um shopping aracajuano quando – pasmem – defendiam-se de um assalto, dois jovens acusam policiais militares de serem os agressores, pois estariam fazendo ‘bico’ no centro de vendas.

Péssima para a sociedade, mas pior mesmo para quem apanhou, a situação é terrível por expor uma faceta triste de uma polícia que está entre as mais bem pagas do país: a não manutenção da exclusividade e do respeito à farda por quem dela faz uso, no caso dos espancadores serem mesmo da PM sergipana.

Agora, o recorte na fala do coronel Brás, que faz a sua parte em termos de assessoria, é que preocupa: “é uma coisa muito confusa”. Não, espera aí! Qual a confusão? Os jovens acusam possíveis policiais. Não há confusão se houver apuração. Simples assim! O que não dá é para antecipar, através do discurso, que o caso pode não dar em nada por ser “confuso”.

“Ele vem de outro Estado, sabemos da dificuldade. E, no campo, ele é lei, não adianta reclamar”, Joel Santana, técnico do Cruzeiro, no Bem Amigos – Sportv (22/08/2011)

Ao se referir aos árbitros de futebol com tamanha condescendência, o técnico Joel Santana acaba somando mais uma ao anedotário que o acompanha quando se trata de ‘causos’ do futebol.

Técnicos e jogadores reclamarem da arbitragem é algo quase tão antigo quanto os próprios erros dos juízes. E mais velho do que esses dois, só mesmo o conservadorismo da Fifa ao afirmar que o erro faz parte do futebol. Ora, se o cidadão paga por um espetáculo, será que a falha de tão importante personagem é uma bobagem mesmo?

Mas daí, enquanto os recursos eletrônicos não são aceitos para dirimir as dúvidas em uma partida, cabe o discurso afinar. E foi isso o que Joel Santana, que já reclamou muito dos árbitros, fez: em rede nacional/mundial de TV, posa de bom moço para, nos 90 minutos, seguir pensando (e às vezes falando) horrores da mãe do juiz que errar contra o time dele.

"Estou doido para inaugurar um cemitério" - Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju, no Colunão do Ivan Valença - Jornal da Cidade (22/08/2011)

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PC do B) aproveitou a polêmica sobre o aterro sanitário da capital para dar essa declaração ao jornalista Ivan Valença. Garantiu que a inauguração de um cemitério - algo que é absolutamente necessário na cidade, em especial se falarmos de uma área pública - é a única obra que faltaria para que ele cumprisse seu programa de governo.

Bem, sobre promessas e seus cumprimentos, ou mesmo sobre o comprimento da lista de promessas feitas, não vou me ater. Mas a frase do prefeito - ou alcáide, como prefere Ivan - tem um significado Além do Declarado.

Pessoa não tão afeita, ou melhor, não tão íntima das relações midiáticas, seja por timidez ou por falta de traquejo mesmo, Edvaldo aqui faz uma ação, digamos, 'viral': expõe-se como um prefeito que quer inaugurar um cemitério e dialoga, imediamente, com Dias Gomes.

Sim, ainda que distante no tempo, o personagem Odorico Paraguaçu, da novela/filme O Bem Amado, interpretado lá atrás por Paulo Gracindo, na telinha, e, mais recentemente por Marco Nanini, na telona, também tinha esse sonho 'administrativo'. Li, portanto, que Edvaldo, antes do cemitério, faz graça e quer inaugurar um novo tempo midiático para si e para sua gestão.

"Perdi as eleições em 2006 e 2010 por causa do PSDB" - João Alves no Cinform (22/08/2011)

Não dá para negar que o ex-governador João Alves tem lá suas razões para desancar o PSDB. Mas avaliemos a afirmação dele em perspectiva: em 2006, o vice de João na disputa pelo governo era um PSDB 'puro-sangue', Fabiano Oliveira. Então, essa declaração seria uma forma de dizer que o partido da social democracia traiu também um de seus filiados?

Já em 2010, ao não lançar candidatura na chapa majoritária fechada, tendo Albano Franco como candidato ao Senado, não era mesmo de se esperar que o tucanos apoiassem pra valer a candidatura alvista.

Será que esse tom de mágoa de João em relação ao PSDB não está mais focado na disputa pela prefeitura de Aracaju em 2012? Tipo assim: desprezo agora, dou uma de 'nem aí', para, no final das contas, 'desvalorizar' o passe peessedebista com vistas a uma melhor composição para a eleição do ano que vem.

Me parece que é mais por aí essa 'culpabilidade' - para usar um neologismo da moda - que João Alves atribui ao PSDB em relação às suas últimas derrotas.