Conheci Rodrigues - sempre o chamei assim - na Rádio Jornal. Trabalhamos por lá, eu na produção e ele na locução. Como eu produzia um programa matinal, muitas vezes ficava na emissora até a noite, deixando pronta a edição seguinte. E Rodrigues era o 'Rei da Madrugada'. Nessas horas, nos encontrávamos. Ele com seu cigarro mentolado, desenhando sinais de fumaça, e suas ideias de mundo, sinalizando esperança. E eu, todo ouvidos.
Depois de alguns anos, tive o prazer de levá-lo, mais uma vez, à Liberdade AM, ou 930AM. E me divertia em debater temas espinhosos com Rodrigues no ar. Discordamos muito, fechamos acordo em assuntos diversos e nunca, mas nunca mesmo, deixamos de ampliar o leque de opiniões sobre quaisquer assuntos. Por isso que a frase de Otacílio Leite tem um simbolismo gigante. E a morte de Rodrigues é tão dolorosa. É que agora a sua voz e suas opiniões serão audíveis apenas no céu. Mas tudo certo: Deus também precisa de poesia para suportar tanta coisa que acontece aqui na terra. Descanse em paz, Rodrigues.
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